A inteligência emocional e os hábitos

Desenvolver a inteligência emocional se transformou em algo essencial para o crescimento profissional e o sucesso no mercado de trabalho.

Quando as pessoas pensam nesse assunto, é muito comum achar que para ter inteligência emocional é preciso controlar as emoções e aprender a reprimir elas. Porém isso é um equívoco!

A inteligência emocional é, em resumo, a capacidade de reconhecer e conseguir lidar com as minhas emoções e com as emoções das outras pessoas.

Ela ganhou força e foi difundida pelo psicólogo Daniel Goleman em 1995, no seu livro Inteligência Emocional. Desde então, devido à sua importância, diversos autores e pesquisadores se aprofundaram nesses estudos.

A partir de uma visão mais recente e atualizada, a Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional, define essa competência como um

“somatório de habilidades que tornam as pessoas capazes de administrar os obstáculos que a vida moderna impõe, de modo a aceitar e perceber as emoções e direcioná-las para obter melhores resultados em diferentes esferas da vida.”

Baseado nessas definições fica claro que a inteligência emocional não está ligada ao controle das emoções, e sim à forma como lidamos com elas.

E a forma como gerenciamos nossas ações e reações frente às emoções do nosso dia a dia está muito relacionada aos nossos hábitos!

O cérebro e os hábitos:

Primeiro, precisamos entender melhor como os hábitos funcionam.

Nosso cérebro grava informações de tudo que fazemos e intensifica áreas que utilizamos mais. Por exemplo, uma pessoa cega tem um circuito cerebral auditivo muito maior e mais desenvolvido que de pessoas que enxergam, pois elas utilizam esse circuito muito mais.

Nossos hábitos seguem essa mesma lógica.

Quando fazemos uma mesma coisa repetidas vezes, nosso cérebro guarda essa informação e nossa tendência é continuar repetindo esse comportamento, às vezes de forma até automática.

É isso que acontece quando aprendemos a dirigir, por exemplo. No início precisamos prestar muita atenção para realizar cada passo corretamente: colocar o cinto de segurança, pisar na embreagem, engatar a primeira marcha, soltar gradativamente o pé da embreagem e acelerar aos poucos.... mas depois de um certo tempo realizando sempre o mesmo procedimento, ele se torna automático, e não precisamos mais pensar em como fazer cada uma daquelas etapas. Isso acontece porque fortalecemos o circuito cerebral relacionado àquele comportamento.

Então, quando tentamos abandonar um mau hábito, estamos enfrentando a resistência de um circuito cerebral que praticamos e repetimos milhares de vezes e que, portanto, está forte. Para mudar esse comportamento, é necessário empenho e persistência.

Quanto mais persistimos em um novo hábito saudável e evitamos voltar a ter os hábitos antigos, mais esses últimos vão enfraquecendo e os novos comportamentos vão se fortalecendo. Quanto mais forem exercitados, mais fáceis e automáticos eles vão se tornando.

A inteligência emocional e os hábitos:

Para desenvolver a inteligência emocional, é necessário se conscientizar das suas reações automáticas frente às diversas situações do seu dia a dia. Só assim será possível entender melhor suas emoções e a causa por trás delas, e ter a autonomia para decidir qual a forma mais construtiva de lidar com cada uma.

Isso envolve adquirir novos hábitos que permitam que você identifique e conheça melhor as suas emoções, bem como aprender a ter comportamentos mais saudáveis e construtivos frente a determinadas situações.

Envolve, então, desapegar e estar disposto a deixar para trás seus velhos hábitos e comportamentos, reconhecendo que talvez eles não sejam os melhores para o seu momento atual de vida.

Esse trabalho de deixar velhos hábitos e adquirir novos, como já vimos, requer paciência e dedicação. É quase certo que irão existir momentos em que você irá se perceber caindo nos seus velhos padrões de comportamento. E está tudo bem, isso acontece. O importante é se dar conta disso e conscientemente voltar a exercitar seus novos hábitos saudáveis.

Bons hábitos para desenvolver sua inteligência emocional:

1 – Estabeleça algo na sua rotina que te ajude a perceber suas emoções. Isso é essencial para, depois, você conseguir adotar novos comportamentos no seu dia a dia.

Algumas possibilidades:

- Sempre que sentir alguma emoção com intensidade, busque ficar alguns momentos a sós e tente entender essa emoção: o que causou? Por que estou me sentindo dessa forma? O que essa emoção está querendo me dizer? Minha reação é proporcional ao que de fato aconteceu?

- Reserve um momento de reflexão ao final do dia. Busque lembrar-se das emoções que sentiu, de quais foram as suas reações e, assim como na sugestão anterior, tente entender suas emoções e o que as causou.

- Criei um diário emocional. Essa é uma ótima ideia para manter constância e se comprometer com o novo hábito. Anote suas emoções, o que as causou e como você reagiu em cada situação.

2 – Faça ensaios mentais sobre os novos comportamentos que deseja assumir. Imagine a situação em que você deseja agir de forma diferente, e visualize-se tendo os comportamentos novos. Você pode até exercitar falar as coisas que gostaria, mas não consegue em determinados momentos.

O ensaio mental é muito eficaz para auxiliar na mudança de hábitos. Isso porque, quando visualizamos algo, estamos exercitando no nosso cérebro os mesmos circuitos relacionados àquela ação. Ou seja, estamos gradativamente tornando mais fácil para o nosso cérebro aprender e automatizar os novos comportamentos.

3 – Exercite a empatia. A inteligência emocional também está relacionada a como compreendemos e lidamos com as emoções das outras pessoas. Essa habilidade exige que estejamos presentes para ouvir e perceber as pessoas no nosso dia a dia (cuidado com o piloto automático!), e é essencial para nos ajudar no gerenciamento dos nossos relacionamentos.

Para desenvolver a inteligência emocional, somos chamados a mudar muitos de nossos comportamentos.

Comece agora a colocar em prática nossas dicas e desenvolva a sua inteligência emocional!